Uma
semana cheia depois do Carnaval. Dizem que o ano, efetivamente, só
começa depois das festas do Momo. Será mesmo? Há controvérsias, mas esta
semana se iniciou com os radares de mercado focados na crise da
Ucrânia, nos indicadores mais fracos da China e no desempenho dos EUA,
depois do payroll de sexta-feira.
Neste
último, a criação de novas vagas chegou a 175 mil em fevereiro, acima do
previsto (152 mil), revisando também os dados de dezembro e janeiro.
Isto nos leva a acreditar que estes meses foram fracos, em função do
forte inverno neste ano, o que afasta, por ora, a interrupção do tapering. Em paralelo, a taxa de desemprego foi a 6,7% da PEA, acima do esperado pelo mercado, que achava que recuaria a 6,5%.
Na China,
o desafio será cumprir a meta de crescimento de 7,5%, mas o déficit
comercial de fevereiro, pior do que o esperado, e a inflação recuando,
mostrando fraqueza da demanda, “jogaram contra”. O déficit comercial
registrou US$ 22,9 bilhões, com as exportações recuando 18,1%, quando se
esperava expansão de 5%, e as importações subindo 10,1%, quando se
esperava 7,1%. Muitos justificam o feriado do Ano Novo Lunar como causa
para este fraco desempenho, mas não foi só isto. A inflação de fevereiro
também recuou, pelo CPI, registrando 2% contra 2,5% em janeiro, e o PPI
recuou 2%, mais do que o previsto (-1,8%). Aguardemos mais indicadores
nesta semana, como a produção industrial e as vendas de varejo na
quinta-feira, mas tudo indica que o ritmo de desaceleração da China deve
continuar. Em resposta, o governo deve reduzir ainda mais o juro e
anunciar novos estímulos fiscais.
Quanto à
Ucrânia, Vladimir Putin voltou a preocupar os mercados ao afirmar que
reforçaria as tropas militares na Península da Crimeia. As expectativas
se voltam agora para o referendum nesta
região e a resposta dos EUA e da União Europeia. O fato é que se a
Rússia anexar a Crimeia terá que abrir mão do outro lado da Ucrânia,
cada vez mais próxima ao Ocidente.
Sobre a
agenda doméstica desta semana, atenção para o IPCA de fevereiro na
quarta-feira, com estimativas entre 0,65% e 0,70%. Outros dados em
destaque são a produção industrial na terça-feira, as vendas do varejo
na quinta-feira e o IBC-Br na sexta-feira. Outro fato em destaque na
semana é a visita da equipe de técnicos da agência de rating Standard & Poor´s. Na quinta e na sexta-feira estes se reúnem com o ministro Mantega.
Em São
Paulo, Dilma Roussef se encontra com empresários “peso pesados”,
buscando uma maior interlocução com o setor privado e produtivo. Muitos
afirmam que o problema do governo é “falta de comunicação” com os vários
agentes de mercado, além dos excessos de intervenção do governo.
Na agenda
internacional, além dos dados da China, destaque nos EUA para os dados
de varejo na quinta-feira e a preliminar de março da Confiança do
Consumidor de Michigan na sexta-feira. Na Zona do Euro destaque para a
produção industrial de janeiro na quarta-feira. por Julio Hegedus, economista-chefe
0 comentários:
Postar um comentário